sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Antonio Malato - Biografia


Antonio Malato
08/01/1913 a 25/07/1980

Antonio Malato Ribeiro, nasceu na Cidade de Ponta de Pedras no dia 08 de janeiro de 1913. Foi uma criança e um adolescente como qualquer outro com os mesmos hábitos de tomar banho no trapiche e nos igarapés, de pescar e caçar nos sítios, de dançar nas festinhas da cidade, enfim; um cidadão como qualquer outro, assim como estudante da única Escola de Ensino Fundamental da época, o Grupo Escolar de Ponta de Pedras- dirigido pela Professora Aureliana Monteiro.
Ainda jovem e à procura de um ideal, irritava-se com a falta de oportunidade de trabalho, como ocorre com todos os jovens antes de obter o primeiro emprego, por isso; procurou sair da Cidade aos 19 anos de idade. Foi para a Cidade de Soure (Marajó) onde residia seu irmão Djalma, mas percebeu que não tinha afinidade com o comércio e com os negócios conduzidos por seu irmão. Assim, aos 21 anos ele vai para Abaetetuba, conviver com seus primos Araújo, em companhia dos quais recebeu os primeiros fundamentos de música, na escolinha de música da Banda Carlos Gomes, mantida pela Prefeitura local.
Quando sentiu que já dominava seu instrumento, o Trompete, achou que estava apto a ganhar a vida na profissão de músico. E lá foi para Belém aos 23 anos, e inscreveu-se numa Companhia de Navegação – o Loyde Brasileiro – que o contratou para reforçar um conjunto musical que animava as noites da “boate” de um de seus navios de passageiros. Seu Antonico, permaneceu embarcado por mais de dois anos, cobrindo o percurso litorâneo entre Belém e o Porto de Tramandaí no Rio Grande do Sul, escalando em Fortaleza, Recife, Salvador, Rio de Janeiro e Santos. Antes de completar três anos naquele navio, o empregador o obrigou a gozar as suas primeiras férias, e lógico; escolheu Ponta de Pedras para se divertir.
Duas surpresas, porém, o aguardavam em Ponta de Pedras: Seu pai, Raimundo Malato, formulou um convite em tom de imposição, para que assumisse o Cartório do qual era titular, sob o argumento de que nenhum outro filho tinha tantos requisitos para a sua função, quanto ele, Antonio. O Cartório exigia uma pessoa de postura serena, inteligente, determinado, responsável, de conduta ilibada, entre outros predicados que Antonico detinha, tal qual a cortesia e um bom circulo de amizades.
A princípio ficou de pensar, afinal dispunha de dois meses de férias, entretanto; a segunda surpresa estava por acontecer: ai não teve jeito; remeteu uma carta de demissão para o Loyde e iniciou o seu aprendizado no Cartório aos 25 anos de idade e aos 27 contrai matrimônio e se afasta definitivamente da boemia, das diversões e da música.
Vinte e tantos anos se passaram, sempre exercendo as mesmas atividades de Tabelião, aliás, muito bem elogiado por todos os Juízes que passaram pela Comarca, especialmente os Doutores: Célio Cal e Ary Mota Silveira. No ano de 1958, contrai matrimônio pela 2ª vez, com a morte da primeira esposa; e em 1965 Antonio Malato decide ingressar na vida política partidária e se candidata ao cargo de Prefeito Municipal, vencendo as eleições e cumprindo um mandato de 1966 a 1970.
Dentre tantas realizações operadas naqueles quatro anos, duas já eram planos de muitos anos. A primeira iniciativa, foi a aquisição de uma embarcação marítima, para permitir que as pessoas pudessem viajar regularmente à Belém, sem depender do monopólio da iniciativa privada, que subjugava e humilhava à população que dependia desse meio de transporte. A segunda iniciativa, foi a constituição da Banda Musical de Ponta de Pedras. Conseguiu contratar um maestro aposentado, originário da Cidade de Curuçá para ministrar o primeiro Curso de Teoria Musical, para o grupo que mais tarde, viria integrar a banda musical. Seu Antonico, para estimular o grupo, fez-se aluno e aprendiz, de novo instrumento: o Bombardino; o qual manuseou até o término da cessão do maestro, quando teve que abandonar o instrumento para assumir a Regência da Banda, a mesma que haveria de vencer várias competições entre outras mais tradicionais, dada sua boa performance. As festividades religiosas não precisavam mais importar bandas militares de Belém, pois já dispunham de um excelente grupo e um bom acervo de instrumentos musicais.
Mas nem tudo foram flores no caminho daquele grupamento; seu Antonico sabia que, enquanto fosse Prefeito, nada afetaria a Banda; mas depois que deixasse a Prefeitura, ele temia até pela sobrevivência da corporação, o que poderia ficar restrita à fotografias e recordações do passado. Exatamente por isso, orientou os Vereadores de sua facção política, no sentido de que aprovassem sem reservas, uma Lei que permitisse a transferência da Banda com todo o seu acervo de instrumentos, para uma organização não governamental – o Círculo Operário de Ponta de Pedras – vital para proteção e prevenção do grupo.
Mais tarde, quando volta à governar o Município em 1978, revitaliza a Banda Musical Circulista e incentiva o grupo a participar de novos certames em Belém , sempre com muito êxito. Naquela ocasião, empolgou-se tanto com a Regência, que chegou a compor várias músicas, sempre com partituras voltadas para os instrumentos da Banda; notadamente aquelas que foram dedicadas as suas netas: uma música para a Adriana e outra para Messiana; uma marchinha carnavalesca com letra, que entitulou “ Arrasta o pé Luciana” para sua neta Luciana; um frevo Milico no maxixe, sem falar nos dobrados “ Da terra ao céu” e “ Martinho Pinheiro”, dedicado ao primeiro professor e maestro da Banda.
Durante o curto mandato de Prefeito, reduzido pela metade em conseqüência de sua morte em 25 de julho de 1980, realizou inúmeras obras públicas de notória repercussão social, principalmente a construção de um barco-motor que levou o nome de seu pai: Raimundo Malato, inaugurado no dia 13 de julho de 1980. Durante aqueles doze dias que antecederam a sua morte repentina, as pessoas do povo, as autoridades, amigos e especialmente os visitantes, o abordavam para parabenizá-lo por tão oportuna iniciativa, e ele; sorrindo agradecia à todos os cumprimentos. Todavia, aos mais íntimos corrigia os elogios dizendo: (abre aspas) não! Este não foi o melhor trabalho que tive a honra de liderar. Nada haverá de superar a emoção que sinto, todas as vezes que reúno os músicos da banda, com vistas a uma nova apresentação. Desde os primeiros acordes nos ensaios, já entro num estado letárgico e a emoção me acompanha até o último acorde da temporada. O barco não!... logo-logo a população irá se acostumar com a embarcação e eu mesmo vou encará-la com naturalidade, desprovido de emoção (fecha aspas).
Este foi Antonio Malato que, num pleito de justiça, teve seu nome lembrado para denominar a Associação Musical que um grupo de voluntários, criou em 1981, não só para abrigar a Banda Musical, mas para estimular a formação de outros segmentos que a música propicia, tal qual os Conjuntos Musicais, Corais e Vocalistas e quem sabe no futuro muito próximo; uma Orquestra Sinfônica.

Milton Malato

Um comentário:

  1. Parabens por mais um belo texto

    Mas se me permitam...

    O Blog é impessoal, ou seja, pertence a AMAM, mas seria bem legal que o autor se identificasse,

    Legal o acervo bibliografico que está se criando. Não parem!

    Acacio Cardoso

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